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Como lidamos com crises sensoriais do nosso filho autista em locais públicos

Crises Sensoriais em Público como lidar

Ser mãe de uma criança autista é uma jornada cheia de desafios, aprendizados e, acima de tudo, amor incondicional. Uma das situações mais delicadas que enfrento no dia a dia são as crises sensoriais em locais públicos. Já passei por momentos de angústia, medo e até frustração, mas aprendi algumas estratégias que fizeram toda a diferença. Quero compartilhar essas experiências com você, para que possa se sentir mais confiante ao lidar com esses momentos.

O Que São Crises Sensoriais?

As crises sensoriais acontecem quando a criança se sente sobrecarregada por estímulos do ambiente. Barulhos altos, luzes intensas, cheiros fortes e até mesmo a textura das roupas podem ser gatilhos. No início, eu não entendia por que meu filho reagia de maneira tão intensa a certos lugares, mas com o tempo percebi que seu cérebro processa os estímulos de forma diferente.

Exemplos de Gatilhos Comuns

  • Supermercados: Muitas luzes, barulhos de caixas registradoras e muitas pessoas falando ao mesmo tempo.
  • Parques de diversão: Música alta, multidões e brinquedos com movimentos rápidos.
  • Festas de aniversário: Estímulos visuais intensos, balões estourando e barulho excessivo.
  • Shoppings: Som de passos, cheiro de perfumes misturados e muitas informações visuais ao mesmo tempo.

Maternidade Atípica: Aprendendo a Lidar com as Crises Sensoriais

No começo, sair de casa era um grande desafio. Eu evitava lugares movimentados, como shoppings e supermercados, porque sabia que meu filho poderia se sentir sobrecarregado. No entanto, percebi que privá-lo dessas experiências não era a melhor solução. Precisávamos encontrar um equilíbrio.

Uma das primeiras coisas que fiz foi observar os padrões das crises. Anotei quais lugares eram mais desafiadores, quais estímulos eram os mais incômodos e como ele reagia em diferentes situações. Com isso, comecei a planejar melhor nossas saídas.

Como Identificar os Sinais Antecipadamente

  • Aumento da agitação: Movimentos repetitivos e inquietação.
  • Cobrir os ouvidos ou olhos: Tentativa de bloquear estímulos.
  • Mudanças no tom de voz: Falar mais alto ou balbuciar.
  • Choro ou irritação repentina: Sem uma razão aparente.

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Estratégias que Funcionam na Prática

1. Antecipação e Planejamento

Uma das estratégias mais eficazes foi preparar meu filho antes de sairmos. Eu explicava com antecedência onde iríamos, o que encontraríamos lá e quanto tempo ficaríamos. Isso ajudava a reduzir sua ansiedade.

Exemplo prático: Antes de ir ao mercado, eu mostrava vídeos e fotos do local e explicava que pegaríamos alguns itens e sairíamos rapidamente. Isso fez com que ele se sentisse mais seguro.

2. Levar Itens de Conforto

Algo simples, mas extremamente eficaz, foi carregar itens que trazem conforto para meu filho. Seu brinquedo favorito, um fone de ouvido com cancelamento de ruído e até um cobertor macio ajudaram a reduzir o impacto dos estímulos externos.

Exemplo prático: Em um evento escolar, ele ficou desconfortável com o barulho do microfone. Tirei da bolsa um boné e os fones de ouvido, e ele conseguiu permanecer mais tranquilo até o fim.

3. Criar um Plano de Saída

Antes de qualquer saída, combinamos um plano de fuga caso ele se sinta sobrecarregado. Se percebermos que os estímulos estão se tornando excessivos, encontramos um local mais calmo para ele se recuperar.

Exemplo prático: Em uma ida ao shopping, combinamos que se ele se sentisse mal, poderíamos ir ao banheiro, onde é mais silencioso, para respirar e acalmar-se antes de decidir se continuamos ou voltamos para casa.

4. Responder às Crises com Calma e Empatia

Se a crise acontecer, minha prioridade é garantir que ele se sinta seguro. Em vez de tentar “controlar” a situação, eu o acolho. Ajoelhando-me ao lado dele, falo com calma e ofereço conforto.

Exemplo prático: Uma vez, em um restaurante, ele começou a entrar em crise por causa do cheiro forte. Segurei suas mãos, respirei fundo com ele e saímos para o estacionamento até ele se acalmar.

5. Escolher Horários e Locais Mais Tranquilos

Sempre que possível, escolho horários alternativos para evitar multidões. Ir ao mercado logo pela manhã ou visitar o parque em horários menos movimentados fez uma grande diferença.

Exemplo prático: Descobrimos que ir ao supermercado às 7h da manhã, quando ele está mais descansado e o ambiente ainda está calmo, torna a experiência muito mais tranquila para ele.

Lidando com o Olhar dos Outros

Uma das partes mais difíceis de enfrentar crises sensoriais em público é o julgamento das pessoas ao redor. Já ouvi comentários do tipo “Essa criança só precisa de disciplina” ou “Que birra desnecessária”. No começo, esses comentários me magoavam muito, mas depois percebi que essas pessoas não entendem o que está acontecendo.

Como Lidar com o Julgamento

  • Respirar fundo e ignorar: O bem-estar do meu filho vem antes da opinião dos outros.
  • Explicar de forma breve: “Ele tem autismo e está sobrecarregado” pode ajudar a criar mais compreensão.
  • Manter o foco na criança: Evitar se preocupar com quem está olhando e focar em acalmar o filho.

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Cada crise sensorial é um desafio, mas também uma oportunidade de aprendizado. Aos poucos, fui entendendo melhor os gatilhos do meu filho e descobrindo formas de tornar as saídas mais tranquilas. Hoje, sinto que temos mais segurança para enfrentar o mundo juntos.

Se você também passa por isso, saiba que não está sozinha. Com paciência, empatia e estratégias adequadas, é possível tornar esses momentos mais manejáveis. Acima de tudo, lembre-se: você está fazendo o seu melhor.

Quer compartilhar sua experiência?

Se você já passou por situações parecidas ou tem dicas que funcionaram para sua família, deixe um comentário! Vamos criar uma rede de apoio para trocar ideias e aprender uns com os outros.

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